Viagem pelo distrito dos diamantes e pelo litoral do Brasil

das que se veem em outros lugares, são muito mais elevadas que as paredes que as sustêm. As casas dos negros, menores que as dos fiscais, não têm paredes e cada uma é ocupada por vários escravos. As casas dos feitores têm janelas, são caiadas e várias dentre elas possuem jardins onde vi pessegueiros carregados de flores. Dois feitores residem em uma mesma casa, dispondo cada um de dois cômodos e uma cozinha. Quanto ao administrador, este ocupa uma casa inteira e foi nela que me hospedei durante minha estada em Córrego Novo.

Tendo sabido que o intendente habitava então uma pequena casa que mandara construir na parte mais montanhosa do Distrito (serra), foi para lá que resolvi seguir. Imediatamente após ter deixado Córrego Novo passei pelo serviço de Rio Pardo. No meio das casas que compõem este último existe uma pequena capela coberta de capim. Essas casas, mais numerosas que as de Córrego Novo, lhe são absolutamente semelhantes; entretanto em sua disposição não se observou nenhuma regularidade.

Entre Córrego Novo e a aldeia da Chapada, duas léguas adiante, viaja-se sempre pelas montanhas. O terreno é desigual, quase continuamente árido e massas de rochedos elevam-se aqui e acolá. Aqui o solo produz somente ervas e subarbustos; ali a vegetação torna-se um pouco mais vigorosa e são as Lychnophoras, as mirtáceas e outros arbustos que cobrem a terra. As folhas dos arbustos são em geral pequenas e de uma cor carregada. As melastomatáceas de folhagem miúda, tão raras no sertão, acham-se aqui em abundância e apresentam, como em todas as montanhas, grande número de espécies.

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