justamente o contrário do que o brasileiro é, ou seja, quer dizer polido, convencional, ritual, educado, cortês, amável, diplomático, mundano, gentil, galanteador, formalista, simulador ou dissimulador, menos... homem de coração.
Cordial, para nós, é justamente o japonês.
SÓ A BONDADE SALVARÁ O MUNDO
Lembro-me de que Tristão de Ataíde, em recente e luminoso ensaio, intitulado Diretrizes do pensamento brasileiro, afirmou: "O brasileiro vence e é vencido pelo coração. Mas sabemos todos que o primado do sentimento é o mais perigoso dos privilégios".
A esta última parte de sua observação oponho as palavras de Ramuz: "est-ce qu'il n'y a pas un capital sentiment qui est naturel et qui, n'étant pas utilisé, va demander à être utilisé?".
Outro escritor, Bertrand Russell, já por mim várias vezes citado a este propósito, pergunta: não haverá um meio de fabricar bondade pra salvar o mundo do cataclismo que o espera? Não haverá jeito de instituir uma junta secreta de fisiólogos para descobrir o meio de criar bondade? Como arranjar um remédio que torne os homens menos ferozes?
Roquette cita o alvitre de Keith, que chama as suprarrenais as glândulas de guerra. Já houve mesmo quem propusesse, "para obter a paz na Europa — problema de alta importância e altíssima sociologia — a intervenção cirúrgica sistemática para diminuir os impulsos bélicos daquelas gentes pugnazes".
A biologia oficial de certos países procura, sob vários aspectos, responder à pergunta angustiada e trágica.
O Brasil já deu a sua resposta.
Cassiano RICARDO