Rodrigues Alves - Tomo 1

Apogeu e declínio do presidencialismo

que a autoridade policial entrou em colapso, os juízes fugiram da cidade, as cadeias se encheram de presos sem nota de culpa (às vezes para protegê-los contra os assassinos), enquanto capoeiras, desordeiros e vagabundos armados transformavam as ruas em palcos de dramas sangrentos.

O jovem Domingos Rodrigues Alves não se fixou na corte do Império. Nela permaneceu apenas um lustro.

Em 1837 transferiu-se para a aprazível vila de Guaratinguetá, situada às margens do rio Paraíba, sobre a estrada que já então ligava o Rio de Janeiro a São Paulo.

Essa localização beneficiava a velha povoação bandeirante que, em breve, com a invasão da zona pelos cafezais, tornar-se-ia próspero centro comercial, o que concorreu para sua elevação à categoria de cidade, por lei provincial de 1844.

É provável que, além dos alegados motivos de saúde, o ambiente provinciano de Guaratinguetá, mais acolhedor para os portugueses, haja contribuído para a decisão de Domingos.

O ano de 1837 marcou o início da restauração da ordem na vida brasileira, a começar pela capital do país, período que ficou bem caracterizado em famoso discurso do deputado mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos.

Feijó, o bravo dominador da desordem material, era incapaz de instituir a ordem jurídica, elemento indispensável à estabilidade social. Sua renúncia à Regência foi um fato inevitável, tanto quanto a ascensão de um homem do tipo de Araújo Lima. Um e outro exprimiam necessidades sucessivas e distintas.

A vila de Guaratinguetá refletia bem o ambiente geral de restauração, observável nas Províncias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Quando Domingos lá se instalou, a economia local de subsistência evoluía para a agricultura do açúcar e começava impetuosamente a lavoura do café. Estas condições alteravam substancialmente o volume e a composição da população e os sistemas de trabalho. Entre os adventícios, além dos negros escravos, duas correntes de imigração se destacavam: uma interna, de mineiros, deslocados pela decadência da mineração; outra externa, de portugueses, atraídos pelo incremento agrícola e comercial da zona.

Os mineiros vinham sobretudo do Sul da Província, que ficava logo atrás da Mantiqueira. Chegavam de Campanha,

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