Estudos da língua nacional

do canapé, que nos chegara dos gregos através do latim, o povo, por intercorrência do vocábulo cama, chamou de camapé. O termo foi dicionarizado porque é empregado pela gente lusa, embora o seja estropiadamente e apenas em apartado rincão.

Naquela zona do Norte brasileiro, o povo usa da ûa não uma; até pessoas cultas não só a empregam como procuram divulgá-la, através do que publicam, a fim de evitar as colisões a que dá origem, como se vê, entre outros, com o valioso estudo de Hermano de Santana, Contribuição ao estudo de etimologia popular em português, publicado em 1926, na Bahia.

No presente trabalho, procurei chamar atenção para um fato de extraordinária importância no falar brasileiro: a influência do tupi-guarani no nosso linguajar. O assunto nunca foi convenientemente estudado, por vários motivos, inclusive um complexo de inferioridade, qual o de a gente brasileira procurar fugir do contato com a caboclada, supondo essim que ficará mais branca. Este fato influi mais do que se julga. Tal coisa ocorre também na Argentina. De Córdoba para as províncias do Norte da República irmã, grande parte da população apresenta os caracteres dos indígenas que habitavam aquela região antes do domínio espanhol, porém ninguém quer ser considerado índio, tal como ocorre no Brasil em relação à origem africana.

A língua dos primitivos habitantes da nossa terra perpetuou-se num vocabulário imenso, dando origem, inclusive, a um grande número de verbos e deve ter influído até na construção da frase, como lembro em exemplos que me ocorreram e outros já denunciados por escritores.

Sabemos pouco destas coisas. A leitura dos clássicos dominou por muito tempo a cultura nacional, e muita gente, que sabia escrever à moda do seu povo, era logo alvo de todos os ataques e remoques porque a linguagem não era perfeita.

Durante muito tempo os escritores brasileiros escreviam a seu modo, ignorando inteiramente a colocação dos pronomes.

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