o modo nacional de realizá-la, a exemplo do que se faz em outros países. Além do presidente, teríamos não sei quantos vice-presidentes, e talvez até um orador, eleito. A atividade seria quase toda verbal e destinada à imprensa. Dia virá, porem, em que algum brasileiro ou estrangeiro estudará convenientemente o fenômeno glotológico que se passa no Brasil. Então verá como o ensino gramatical é artificial em nosso país, e o grande repúdio que sempre encontrou da parte das creanças talvez proceda da profunda disparidade entre a realidade do falar de um povo inteiro e a língua que os métodos pedagógicos impõem para se escrever bem, inteiramente distante do que a criança ouve e compreende.
Não possuo qualquer autoridade em matéria de filologia; fui a isso arrastado por natural curiosidade tão comum entre nós para esses assuntos, o que me levou a escrever certa vez que, assim como em França tudo acaba em canção, no Brasil tudo acaba em gramática. Recordações talvez dos sofrimentos que me eram infligidos pelos saudosos professores da meninice, quando me obrigavam a papaguear regras gramaticais que felizmente esqueci para todo o sempre.
Em livro já citado, Hermano de Santana escreveu: "Em nossa língua falecem pesquisas que tais, não sofrendo talvez os nossos gramáticos e linguistas esses assuntos; engolfados que vivem em outras questões mais transcendentes de topologias e análises, e criações de termos rebarbativos a complicarem fatos simplicíssimos, "como se o escopo da gramática houvesse de ser obrigar os alunos a fixar palavrões" no dizer de José Tavares, colendo professor do Liceu Central Vasco da Gama, de Portugal".
Não existem comumente entre nós hábitos de estudo, mas amor apaixonado a polêmicas onde, frequentemente, a primeira coisa a desaparecer é a polidez. Ao seu venerando mestre Carneiro Ribeiro, já septuagenário, Ruy Barbosa cobriu de remoques e de uma vez, fazendo trocadilho com o sobrenome, chamou-o de lanzudo... Carneiro Ribeiro foi mestre até o fim; nunca se desaprumou, jamais ofendeu, discutiu serenamente
