e da obscuridade em que vivia, antes do seu nome tornar-se nacional, o patriarca não se intimidou, lutou sem desfalecimentos de acordo com a sua legenda nec temere, nec timide, deixando a impressão de que dava uma lição, quando respondeu ao glorioso discípulo, cujos excepcionais méritos não cessou de proclamar, e, ainda ensinando, escreveu: "Não, não tem razão o Dr. Ruy de molestar-se: o que molesta, o que magoa, o que punge profundamente não é a censura, não é a crítica, quando não vai além da compostura: é o azedume, a linguagem ferina, e iscada de rudeza, é o escarninho, o remoque, desassombradamente mordaz, picante e ofensivo dos que discutem, abandonando o campo calmo e sereno, em que se deviam sempre manter os que esgrimem, não por amor aos fumos da vaidade, que perturbam e cegam os ânimos, senão por amor à verdade". Foi a última lição que Ruy recebeu do Prof. Carneiro que já fora seu mestre quando o grande brasileiro era criança.
Muitas vezes, no decorrer dos artigos que hoje reúno em livro, censurei com demasiado azedume Candido de Figueiredo. No entanto, reconheço que foi ele quem mais se interessou para incorporar nos dicionários portugueses o falar da gente brasileira.
Prestou reais serviços à nossa cultura, embora tivesse dado definições errôneas, algumas mesmo disparatadas; isso, no entanto, corre pela falta de cultura geral de muitos dos lexicógrafos e pela suposição, quase ingênua, de imaginarem ainda que um só homem pode, em nossos dias, fazer um dicionário de um povo inteiro.
O maior vocabulário até hoje aparecido, o de Webster, é o resultado do trabalho de numerosos colaboradores, e os verbetes, em número superior a 550 mil nele incorporados, representam o esforço metodizado de muitas pessoas, revendo e corrigindo definições ou contribuindo com achegas para o imenso vocabulário.
Os povos novos são forjadores de neologismos e têm receptores especiais para tudo quanto aparece, já que não são