Estudos da língua nacional

um grupo de gramáticos que procuravam alcançar tal objetivo e que encontraram, da parte do povo americano, certa reação contra alguns pontos da reforma.

O fato é que, apesar dos protestos dos puristas, novo e vigoroso modo de dizer americano sobreveio e só fez crescer malgrado a oposição dos gramáticos.

O americanismo movie, que susbstitui cinema, já invadiu não só a Inglaterra como todos os seus domínios de língua inglesa; na Austrália o vocábulo americano progrediu triunfantemente, já não existindo, de há muito, no Canadá, qualquer vestígio de oposição a tal fenômeno.

Aliás a gente de fala inglesa naturaliza qualquer vocábulo, logo que seja expressivo, não importando a língua de que proceda. O brasileirismo valorização, no estrito sentido de aumentar o valor de um produto por intervenção do governo, como ocorreu com o café, não está incluído ainda nos léxicos portugueses, mas de há muito que Webster o incorporou dando como procedente da língua portuguesa, embora tenha surgido entre os corretores de café de Santos.

O falar brasileiro apresenta o mesmo aspecto que tem o povo. Confessemos ou não, a influência africana e indígena revela-se a cada passo. A primeira é menor; o vocabulário que nos deixou, embora desenvolvido, está representado por várias dezenas de formas verbais, sendo, mesmo neste particular, menos rico do que herdamos do tupi.

Acontece, muitas vezes, o africano e o tupi hibridarem-se, e isto ocorreu desde cedo, pois já em 1587, Gabriel Soares, supondo registrar um nome indígena, assinalava o primeiro africanismo, aquele anhangá-quiabo de Gabriel Soares que estropiou a terminação kibaba, pente, pela intercorrência do nome africano quiabo, planta originária do continente negro, que não figura na relação dos vegetais introduzidos na Bahia, feita pelo cronista português, mas que devia lá se encontrar, pois a referência ao vocábulo isto demonstra.

Em 1587, a cidade do Salvador dispunha de quatro mil africanos para combater, seis mil índios e apenas dois mil portugueses

Estudos da língua nacional - Página 28 - Thumb Visualização
Formato
Texto