Estudos da língua nacional

Na Bahia e Sergipe, até hoje, dizemos oxente, transformação do g em x, à moda galega, língua que se estendia ao Algarve, o que levou, em 1929, Francisco Villaespesa, em seu Canto a Galicia, a assim versejar:

Madre do la austera lengua de Castilla / Y de la gloriosa lengua portuguesa!

No vocabulário tudo se encontra, pois durante muito tempo Mauritius foi uma encruzilhada humana e lá chegou até um termo de origem portuguesa, margoze, alteração de amargosa, dado ao jiló, creio.

Interessante é o adagiário que Baissac registra, a exemplo do que existe entre nós já assinalado por vários autores, inclusive Afranio Peixoto, mas nunca estudado convenientemente quanto aos elementos que entram na sua formação.

Durante muito tempo disso me ocupei e reuni grande material em que figurasse o elemento tupi. Provérbios que ascendem a muito mais de uma centena, inteiramente intraduzíveis para qualquer língua, pois o vocábulo que serve de eixo ao rifão representa planta, árvore, ou coisa nossa, de denominação tupi.

Comecei a estudar o significado das palavras tupis e vários aspectos que os rifões, adágios, provérbios e frases feitas em que entravam elementos desse idioma. E como sempre ocorre com tudo que se investiga e revê, tanto se avolumou o material que estudei, que poderia suscitar perfeitamente uma larga contribuição. Não pude, porém, terminar; não fui além da letra g. Guardo, entretanto, a lista que organizei desse nosso adagiário para futuras pesquisas.

Quase não me faz frio ou calor, chamar-se o que se fala no Brasil de língua brasileira, portuguesa ou dialeto. O que sinto é que não haja pesquisas mais numerosas e profundas, e que encarem os fenômenos glotológicos que aqui se passam, com a máxima serenidade e frieza, pois o material que existe é imenso, inesgotável.

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