O Brasil

todas as intrigas". Despótico e caprichoso, "... era um ser medíocre, para quem o mandar não passava de uma satisfação e um gozo mesquinho e pouco nobre...

O seu reinar, em vez de ofício espinhoso, era um mole abandono... um paraíso de delícias fáceis". Comia, adormecia, ouvia os conselheiros tratarem dos negócios públicos ao som de música permanente. Enquanto ceava, dançavam os moços-fidalgos. "Saía à rua, numa procissão de elefantes rinocerontes e menestréis, a imitar estultamente príncipes asiáticos. Esta inferioridade do rei", fala o mesmo português, "fez com que ele não soubesse imprimir ao domínio do Oriente o caráter de um império, pondo-se a comerciar por conta própria". Mas, mesmo como financeiro, era um incapaz: consumia e esbanjava toda a renda do reinoe das Índias, e ainda "contraía empréstimos a juro de agiotas, de sorte que o seu Portugal já era um pedinte". Foi ele quem deu a um seu fidalgo o exclusivo dos bordéis dos Algarves.

D. Manoel presidira com sinistra competência o vertiginoso declínio de Portugal, elevado pelos dois João de Aviz: "A corrupção desvirtuara todas as qualidades do caráter nacional", diz o Sr. O. Martins, ao fechar o capítulo do seu reinado. "A justiça era um mercado...e a nobreza ingênita... traduzia-se num luxo impertinente e miserável.

"Segue-se-lhe D. João III, o fundador do Brasil e em quem o espírito se eleva para mais acentuado desequilíbrio. Tinha intuições de gênio, como quando compreendeu a importância do Brasil, e arremessos de louco, ao ir buscar a Inquisição, para agravar desordens em que já sofria o Portugal da decadência. A sua tara se manifestara, justamente, como beatice fanática. São, teria sido um grande místico. Procurou pôr termo ao desbragamento da Índia, com a seriedade de um grande homem de Estado, e consumiu as finanças