O Brasil

do reino, a comprar, em Roma, a Inquisição para queimar os restos de judeus e as bruxas, que a insânia geral apontava. Foi humano, ao suprimir as torturas e mutilações dos criminosos comuns, e exaltava-se em sadismo, ao ter notícia das torturas, nos autos da fé, por ele mesmo acendidos. Será por tudo isto que Frei Luís de Souza o chama o Homem de curto juízo. Entrado na decadência, Portugal lhe deve mais do que a qualquer outro: deu-lhe o Brasil.

Dentre os outros filhos do Venturoso, destaca-se D. Duarte, o duque de Guimarães, devoto a seu modo degenerado: "Uma vez meteu na cabeça de um judeu uma carapuça untada de terebentina, e, puxando-a, arrancou-lhe os cabelos..." É apenas imbecilidade, má, sem ser tão funesta como a do seu irmão, o Cardeal D. Henrique, que preferiu o castelhano ao sobrinho, o verdadeiro sucessor, e que seria um rei nacional. E ainda não teve a coragem de poupar maiores males entregando logo o reino ao Felipe. Preferiu deixar o país em plena crise.

O caso de D. Sebastião, de curto misticismo, cruzado anacrônico, insensato em tudo, é o caso tipo de um Aviz degenerado. E acabou a dinastia... Mas não acabou a degeneração dinástica. Vamos encontrá-la mais grave e mais feia nos Braganças, todos tarados, nas piores das formas, sem um tipo acessível à simpatia, sem um momento de remissão.

Do duque de Barcellos, a fomentar a luta em que seria assassinado o príncipe sábio, o Regente D Pedro, a passar por D. Jaime, até o que traiu, numa vez só, Portugal e Brasil, o nosso Pedro I; não há um, em realce que não seja repulsivo como degradação humana". A descendência de Nuno Álvares (Braganças), um herói e um santo, foi uma sucessão de intrigantes, de maus e doidos, ou de egoístas vulgares.