O Brasil

A DEGRADAÇÃO DOS BRAGANÇAS



Talvez que o herói dos Atoleiros, o Nuno Álvares interesseiro, que se opunha às fórmulas justas de João das Regras fosse, por sobre herói e santo, um experimentado onzenário... Aceitemo-lo, contudo, no puro valor de virtude, mas reconheçamos que a sua prole desceu muito, degringolou dessa virtude abaixo, e caiu no profundo das ignomínias. Já houve historiador que pretendeu explícar toda essa miséria com o sangue do Barbadão, cuja filha é a própria mãe do Aviz. Não é preciso infamar o pobre humilde, acaso o plasma mais vivificante em tudo aquilo.

Não é preciso, porque, mesmo sem sangue vil, a profunda degeneração, como a dos governadores portugueses, era bastante para vencer toda virtude, e tornar abjeta qualquer descendência de heróis. Finalmente, pouco importa a causa: o que nos interessa é o fato — reconhecida degeneração dos Braganças. Era assunto de crônica universal. As cortes e os governos da Europa conheciam-na bem. Richelieu, desde que entrou em luta com a Casa d'Áustria, resolveu aproveitar o Bragança como seu instrumento, nesse papel de restaurador de Portugal, com o que muito se diminuíram os domínios do rei de Castela. Em 634, ofereceu-lhe, para a empresa, 50 navios e 13.000 homens, e o duque de Bragança ainda hesitou, que ele não era nenhum herói. Hesitou muito; só em 640, e com o concurso poderosíssimo da Holanda, entrou em ação. Agora, o êxito estava garantido: França e Províncias Unidas a apoiá-lo! Antes, ele era o homem da sua riqueza e do seu sossego". A era das tergiversações, dos compromissos fracos, em que a sua natureza mesquinha se prazia, terminara. Obrigavam-no a decidir-se, o que era uma dor d'alma, para o seu gênio quieto, pequeno, egoísta. "Foi uma vitória fácil, a do primeiro momento: deram-lhe a coroa, sem a despesa de um