O Brasil

fazer revolução, enquanto Antônio Carlos, sem mais delongas, grita para o recinto dos deputados: "Abandonemos esta Câmara prostituída!". Ele tinha razão... teria inteira razão, desde que fizesse a corrigenda de que não só a Câmara, mas tudo se prostituíra. O espetáculo era para náuseas: um punhado de liberais desorientados, num torvelinho de pulhas, que só se aventuravam porque se amadrinhavam com um trono. A Câmara era aquilo, e o Senado? Apresentada a proposta de maioridade, não houve, ali, onde assentavam as instituições; não houve, marquês ou não, que se levantasse, para atacá-la, ou para defendê-la. Na votação, foram 16 x 18, e viu-se Paranaguá contra Maracá, Vergueiro opondo-se a Alves Branco, Holanda Cavalcanti contra Caravellas... Já fora os trâmites constitucionais, manifesta-se, então, Paranaguá, a convidar os presentes para um arremedo de sessão revolucionária, ali mesmo, sessão em que ele foi o liberal revolucionário em chefe. Como consagração da vitória, organizou o típico ministério da maioridade: duas vezes dois irmãos, um sobrinho, aglutinados pelo moderatismo de Limpo de Abreu.

Embuste em 1822, malogro em 31, ostensivo regresso conservador em 37, revolução palaciana em 40, a política nacional teve que ser o entendido paul, donde saímos para esta República que já é asfixia, como é a mais sensível traição aos ideais de democracia do que a dos carcereiros de 1832, dos interpretadores de 39, e dos farsistas bajuladores de 40. De todo modo, a maioridade foi a escala geral, a convergência definitiva, dos emaranhamentos e transigências da definitiva política. Depois, não houve mais em que transigir, nem o que perverter. Já estava iniciada a obra de destruição das poucas liberdades conquistadas com o 7 de abril, e, agora, a destruição se acentuou, sistemática e inexorável. Timandro dirá: "Oito meses depois da maioridade,