um golpe para esclarecer a situação e afirmar a sua soberania. Quem podia garantir que não se faria o acordo — Uruguai para o Brasil, Paraguai para a Argentina?...
O tratado de 2 de janeiro de 59 não chegava a ser um obstáculo. Dados os resultados, verifica-se que Solano López agiu precipitadamente: não deixou atrás da sua pretensão, a saída que lhe permitisse conservar a paz. É que, fraco diplomata, não supôs o facciosismo imperial capaz de já ter disposto da soberania de uma nação nominalmente independente. Não foi perspicaz, López, mas patenteou intuitos muito patrióticos e americanos. Se o governo imperial estivesse ali de boa-fé, e tivesse aceitado a sua mediação, sendo, no acordo com o governo dos mitristas, a parte mais forte, teria realizado, certamente, uma política muito conveniente aos interesses brasileiros no que eles tivessem de justo, e o Paraguai lograria sair do ingrato isolamento em que se achava. Assim prestigiado, viria a ser, bem acentuadamente, um fator de equilíbrio naquele sul do continente, e, por mais que a Argentina se desenvolvesse, jamais seria uma ameaça real para a Nação brasileira. Perante a justiça absoluta, o Brasil não devia intrometer-se na política interna das nações vizinhas; perante o tortuoso e insuficiente direito das gentes, ele não podia rejeitar a mediação amistosa do Paraguai, de quem era aliado. Por tudo isso, manifestada a resolução imperial de impor-se discricionariamente a uma nação vizinha; dada a acintosa repulsa da mediação, só restava ao Paraguai considerar-se inimigo, precavendo-se ao mesmo tempo contra o faccioso imperialismo do Brasil. E assim teve López de agir. A sua linguagem só teve o defeito de ser peremptória quando a diplomacia prefere os subterfúgios: \"A segurança da paz e a prosperidade do Paraguai ficarão ameaçadas se as tropas do Império entrarem no Estado Oriental...