ser irrisão. E é preciso não esquecer que um dos motivos decisivos, no ânimo imperial, para atender questão da escravidão, foi a cerrada propaganda que o governo paraguaio fez contra o Brasil, contradizendo as pretensões liberais do seu governo, apresentando-o ao mundo, qual ele era: um Estado que explora o cativeiro, e não tinha pensamento oficial no sentido de redimir-se disto.
O governo imperial pavoneou de defensor da liberdade, mas a verdade é que, dada a miserável Tríplice Aliança conduzida pelo Brasil, e feita em segredo, só revelada por uma leviandade do ministro uruguaio, todo o resto da América, todo o mundo deu as suas cordiais simpatias ao Paraguai. Dir-se-á: mas o Brasil nenhum lucro tirou de tal guerra (mas tirou a Argentina), por que, então, fez o governo imperial? E, então, por que acusá-lo? Como culpar o Brasil, se, ao termo, ele não despojou o vencido nem o submeteu? Não se peça, nunca, explicação de atos insensatos; a estupidez, por si só, é a única explícação possível.
Tal se dá no caso. O bragantismo se caracterizou, sempre, por uma sinistra estupidez. Senhor de si como nos dias do Império, ele virá, fatalmente, a esses resultados. Na essência dos seus sentimentos, o Brasil nunca molestaria nações platinas, ou qualquer nação da América, ou do mundo. Os efeitos da ação brasileira no sul são manifestações exclusivas da política pessoal dos Braganças. Concretamente, não foi um motivo só que determinou a criminosa guerra contra o Paraguai, mas um feixe de motivos, qual mais estúpido, qualquer deles insuficiente por si só, mesmo em critério de estupidez, mas poderosíssimos quando somados, consequências imediatas da política donde nasceu a Cisplatina, prevenções malévolas de um governo imperial contra nações vizinhas que se chamam repúblicas, e que, certamente, viriam a ser democracias, desde que se