O Brasil

do primeiro. Apesar de todos os laços de família, e de que formou o seu espírito em Portugal, Gonçalves Dias os marcou: " homens...que vivem sem pátria... atrás de ouro correndo, vorazes, sedentos...". Mais explícito, ele acentua, nos Timbiras, o que faz a desgraça do Brasil: "América infeliz...tão ditosa antes que o mar e os ventos nos trouxessem o ferro e os cascavéis da Europa. Velho tutor e ávaro cobiçou-te, desvalida pupila, a herança pingue!...Entrelaçaste os anos da mocidade em flor, às cãs e à vida do velho que já declina do leito conjugal imerecido...". Era fatal, por conseguinte, que o romantismo brasileiro buscasse uma nota de caráter no voltar-se para o indígena. Posteriormente, críticos pseudo-cientificos, num discorrer parvamente objetivo, procuraram diminuir o valor literário e nacionalizante do indianismo, negando-lhe sinceridade de emoção e realidade de vida.

Tonteira de um "tainismo" mal digerido, desamparada de critério legítimo, essa crítica julga, de uma obra que é a expressão da alma do Brasil através do romantismo, como se o Brasil não existisse e o romantismo não fosse de românticos. Ignorância arrogante, o objetivismo crítico de 187... condenou o indianismo por falta de inspiração e de realidade, como "pastiche" seródio de Chateaubriand e Cooper, disseram e que índio não fala como Itajubá, nem sente como Iracema... e que, finalmente, o gentio de Anchieta não teve influência na formação do Brasil... Aspecto negativo, a ignorância não pode ser, creio. E só por isso se explícam destemperos destes. Lá no seu tempo, Taine foi uma atitude de reação, e nada mais. Ainda não se calara a sua voz, e já se apontavam os seus crimes como historiador, já toda gente reconhecia nas suas teorias de crítica uma vertiginosa insuficiência, a de quem pretende julgar de obras humanas como se elas brotassem diretamente de alimentos e climas, como se entre a natureza