conjunto da vida nacional. Tanto vale dizer, o indianismo, nas nossas letras, é um valor definitivo, e teve causa necessária, ineludível, bem mais significativa do que o simples intuito de imitação. Pastiches não teriam o tom de exaltação das obras-primas de Gonçalves Dias e Alencar, cuja inspiração primeira foi sempre o amor desta pátria. Tanto num como noutro a consagração do índio resultou diretamente do empenho de apurar o sentimento de nacionalidade, na linha das acentuações históricas; a tradição do indígena lhes parecia genuinamente brasileira, e banharam-se nela. Não esqueçamos que o nosso nacionalismo se definiu e acentuou em oposição ao lusitanismo. Prevenção, desconfiança, mal-querer, ódio, guerra ao português, eis as etapas do coração brasileiro em ânimo nacionalista. Achegamo-nos ao índio certos de que, congraçando-nos aos seus destinos, distinguimo-nos absolutamente do povo que foi a real hostilidade à afirmação da alma brasileira, o povo que, se continha a nossa história, continha-a para que ela não fosse nossa. Tentamos identificar-nos com os brasis, na crença de que neles estivesse a essência mesma do nosso americanismo. Tudo isto se explíca pelas condições primárias da nossa formação com a assimilação franca e cordial do índio. Daí resulta o contraste: nas outras sociedades neo-ibéricas, mesmo onde o romantismo teve expressão bem nítida, não se conhece o indianismo. Por que? Meditem-se nas condições que se faziam ao indígena: haveria inspiração para cantá-lo?
A ABOLIÇÃO: TRADIÇÃO BRASILEIRA PARA COM OS ESCRAVOS
A Abolição teve que ser feita revolucionariamente. É uma rápida demonstração a deixar, demonstração fácil, e que servirá também, para verificar, na política