da organização de um Brasil independente, inscreveram entre as necessidades essenciais da Nação a constituir-se, a extinção da escravidão. É um cancro social, disseram eles, logo no seu manifesto de governo. Nem podia ser de outra forma, dadas as qualidades genéticas do ânimo brasileiro. De inteligência pronta aprender, compassivos e abertos cordialmente aos ideais de justiça, os revolucionários pernambucanos adotaram os princípios de humanidade proclamados desde os meados do século XVIII. A escola maçônica, onde eles se inspiravam, era essa mesma de Bolivar, que formulava: "O ouro e a escravidão são dois elementos inimigos de todo o regimen de justiça e de liberdade". Noutras palavras, é o conceito de nosso José Bonifácio quanto à necessidade de fazer-se a emancipação dos escravos, a fim de chegar à condição de povo livre. Antes, já o brasileiro Maciel Costa, futuro Queluz, havia escrito uma memória sobre a extinção da escravidão. Passou o caso sem maiores referências, mas o esforço de José Bonifácio, na situação de responsabilidade em que ele estava, tem significação absoluta. É fato a notar. Os dois maiores estadistas brasileiros, no penado de formação mesma da Nação, adversários e antagonistas de sempre, e em tudo, sem nenhum contato político em toda a vida de ambos, esses dois homens porque são realmente estadistas e brasileiros, estão de acordo nas ideias de emancipação dos cativos.
Ministro, chefe de gabinete, José Bonifácio tratou de dar realidade ao convênio de 1817, que extinguiu o tráfico ao norte do Equador; ministro, ainda, e deputado, fez públicas as suas ideias a respeito da emancipação, e começou a formular o projeto em que as incorporava. É a esse propósito que ele assinala Portugal como a nação que mais crimes tem cometido contra a humanidade. A dissolução da Constituinte não lhe permitiu apresentar o seu projeto, mas era tal, e tão