O Brasil

sincero o seu empenho que, em 1825, lá no exílio onde estava, publicou uma representação. A memória sobre o assunto, e que é o transunto do mesmo trabalho. No projeto de constituição elaborado pela Constituinte, que ele inspirava, está a disposição: \"Artigo 254 — A Assembleia (o Parlamento) terá particular cuidado de criar estabelecimentos para a catequese e civilização dos índios, emancipação lenta dos negros e sua educação religiosa e industrial\". A Constituição de 1824, o tal monumento de liberalismo, teve o cuidado de omitir essa disposição. Justificando a sua representação, o velho Andrada é de generosa franqueza: \"Comecemos, pois, desde já, esta grande obra (a emancipação) pela expiação de nossos crimes e pecados velhos...\". De fato devêramos, hoje, em vista do passado, ajoelhar perante as vítimas, para os fins do necessário perdão, e redimir, a preço de desinteresse e de beleza moral, as torpezas desses que fizeram o Brasil sobre as dores e o cativeiro de duas raças. E há dignidade em reconhecer que, ainda hoje, sofremos as consequências de termos sido a última nação do Ocidente a eliminar a escravidão. Tal não se daria se a vida do Brasil houvesse prosseguido nos destinos que se lhe anunciavam. Mas houve que o próprio José Bonifácio teve que ser eliminado; contudo, se ele não pôde apresentar o seu projeto de emancipação, chegou a submeter à apreciação da Assembleia Constituinte um regulamento de civilização dos índios, onde mostra que, praticado o regimen proposto\"...com o andar do tempo, isto tornará inútil os escravos\".

Note-se. Essas ideias abolicionistas não eram exclusivas do velho Andrada. Elas formavam, pode-se dizer, a ambiência política daqueles dias. Já vimos que Maciel da Costa precedeu o próprio José Bonifácio. Voltou atrás...e isto ajuda-nos a compreender como o Brasil emancipador de 1850. Queluz é um padrão, mas não