à sua assembleia um projeto restabelecendo o tráfico. E tanto ele o fez, porque a ambiência política o estimulava. A inflexibilidade do governo britânico arrancou-nos a lei de 1850 — extinção do tráfico, mas, segundo as histórias correntes, o infame comércio só cessou em 1853. Mello Morais, com a responsabilidade de político e historiador, estende-o até 1861: "As diversas negaças a que está acostumado o governo do Brasil, obrigaram a lord Aberdeen a exigir do parlamento inglês o bill de violências contra os traficantes de escravos, protegidos pela má fé do governo do Brasil, e para mais aviltar-nos mandou colocar uma presiganga, mesmo na frente do Paço Imperial, onde eram lançados estrangeiros e brasileiros que se entregavam no tráfico da escravatura. E durante os anos de 1845 a 1861, o que não sofremos!". Sá e Albuquerque, ministro da Coroa, confessou, em nota ao representante inglês (junho de 1861), a responsabilidade do governo brasileiro no tráfico infame. Tavares Bastos, que a tudo assistiu, atesta, por sua vez, naqueles mesmos dias: "Pessoas altamente colocadas não se pejavam de advogar a causa e os interesses dos criminosos (negreiros)... A atitude provocadora dos traficantes e a imbecilidade do nosso governo exigiam um procedimento enérgico. Promulgou-se o Bill Aberdeen... A violência do governo inglês devia estar na razão da nossa cumplicidade com os traficantes". Logo ao começar a sua campanha, ele, Tavares Bastos, refere casos de africanos importados depois de 1831, indiscutivelmente livres, e que, desde sempre reclamando a sua liberdade, nunca a obtiveram. Em demonstração, ele transcreve a correspondência do ministro brasileiro, F. Octaviano, com o representante da Grã-Bretanha: "A correspondência mostra que, de fato, existem africanos livres a serviços na fábrica de Ipanema por mais de 14 anos". Nessa mesma correspondência, o governo imperial, na