O Brasil

o regimen imperial anuiu em todas as juntas, e, palanque desmantelado, aí ficou, arrastado pelo tempo, até o primeiro pretexto para que os vencedores de ontem viessem cobrar o disputado triunfo.

Nem outra significação se pode dar àqueles sucessos. Depois da legislação iníqua e falha de 1871, em seguida a resistência cega de 1879-87, aceitar, de tal modo, a abolição completa da escravidão equivaleu, para o Império, o reconhecer a sua política anterior como injusta, impatriótica, cruel, criminosa, e, sobretudo, incapaz de atender às legítimas necessidades do país. Ora um regimen que se assim confessa, não pode prevalecer em face dos que o obrigaram à confissão. Aceitando o papel vergonhoso de subscreverem a reforma a que obstinadamente se opuseram, os políticos do Império patentearam uma tal insuficiência de fé nos princípios que defendiam, e tanta falta de lealdade aos tempos de onde vinham, que mataram todas as poucas convicções monárquicas ainda subsistentes, dissolvendo os já frouxos laços do regimen em que viviam. Nas suas mãos, quando impatrioticamente resistiam a palpitantes anhelos nacionais, quando torpemente aceitaram de ser, imediatamente depois, os trôpegos e insinceros realizadores da Abolição; nas suas mãos se esboroou o trono, que, sem tais desacertadas misérias, teria ainda vivido decênios, talvez. Liquidada a revolução abolicionista, cuja vitória foi levada pelo governo ao Exército, liquidada ela, nada mais restava como prestígio do Império: a mesma voz dos soldados que se negaram a apanhar os escravos em Cubatão, intimou de despejo a monarquia. Não há dúvida que, sem a vitória dos revolucionários abolicionistas, os republicanos, todos antigos abolicionistas, não teriam tentado a jornada de 15 de novembro. E, em face de todos esses fatos, vêm os que não tiveram brio para defender as instituições a que se deram, e