O Brasil

Vencedora a Abolição pelo gesto final do Exército, ainda tentaram os políticos do Império fazer a sua vida sob o regimen imperial desmantelado, perdido. Toma-se do primeiro pretexto, e afastam-se para Mato Grosso os batalhões mais em vista na Corte,indo à frente deles, pois que é a mais sensível ameaça, o general Deodoro. Era a luta franca, já agora sob a responsabilidade dos liberais, de Ouro Preto, ingenuamente confiante na própria sobranceria. No momento, olha-se a mesma sobranceria como fanfarronice: a propaganda republicana e a oposição liberal radical, já em direção à República, atacaram vivamente a atitude confiante de Ouro Preto, a quem se dava, com mais ou menos verdade — e por que parecia dedução do seu programa, o plano de desorganizar o Exército enfrentando-o, se preciso, com outras milícias. E vem a demissão de Malet, com a nota a bem do serviço público, e vêm os distúrbios de São Paulo — Exército e Polícia —, para que o Exército continue a considerar-se ofendido, perseguido... e reivindique, e exija reparações. A propaganda republicana rejubilava do poderosíssimo auxilio e irmana-se com as reivindicações do Exército. Há Benjamin Constant, ao mesmo tempo abolicionista, republicano, e oficial professor, com efetivo prestígio, mental e moral sobre as novas gerações de oficiais. Com ele, a propaganda aproveitou quanto pôde da atitude dos militares — aproveitou demais —, assim como, com ele a campanha pela República passou das mãos dos propagandistas consagrados para ser a revolução feita como que exclusivamente pelo Exército, na forma infeliz de um levante militar. E isto obriga a que, na apreciação da realização republicana, haja páginas especiais para estudar o papel e o efeito dos militares na mesma realização.

Na sua ingênua e leviana confiança em si mesmo, o