governo com que morreu a monarquia levantava programas, fazia atividade vazia, enquanto os oficiais de prestígio aprumavam o gesto em que avançariam para o poder, sobre as distrações do regimen aniquilado por eles mesmos. Aproveita-se o burburinho das festas aos chilenos; Benjamin Constant, com o ensejo de uma visita dos marinheiros visitantes, festejados na Escola Militar, faz um discurso que, noutro momento, na boca de um oficial, como ele, consciente dos seus direitos políticos, podia passar sem reparo — somos soldados, não seremos janízaros. Naquele momento, dadas as suas crenças republicanas, foi, e era, uma provocação. A prova é que, ao mesmo tempo, com ele, elo de republicanos e chefes militares, com ele se dispunha a conjuração. No dia 12 de novembro já está tudo assentado, e Deodoro, apalavrado, assente em fazer a República, uma vez que o poder imperial não deva ao Exército as satisfações pedidas, uma vez que o imperador já não regulava.
Os propagandistas republicanos, que, gostosamente, haviam passado a tarefa ao Exército, continuavam a fazer-lhe cortejo. Francisco Glycerio, com toda a sua beleza d'alma e sinceridade de convicções, veio de São Paulo para ver fazer-se a República, pois que, como os outros propagandistas de responsabilidade, estava ao par de tudo. Quintino chegou a estar a cavalo, na massa da brigada em marcha para tomar conta do poder. Era, isto, o bastante para tirar ao ato, da proclamação da República, o caráter de levante militar? Pensemos que a tropa foi puxada e o movimento teve por chefe um soldado que nunca se dissera republicano, um dos mais moços numa irmandade de generais, todos ostensivamente monarquistas, e que esse mesmo era tido como admirador e amigo do monarca. Mais do que tudo, a forma mesmo do ato lhe tirou a qualidade de movimento de opinião.