O Brasil

A FARDA NA REPÚBLICA



Gerada uma propaganda vazia e arcaica em ideias, nula como preparo de governo, a República de 15 de novembro encontrou-se, pelo próprio nascimento, travada em três tropeços que logo a distorceram: a iniciativa militar, a ideologia positivista, trazida pelos mais representativos dos mesmos militares, e o liberalismo demagógico do bacharelismo jurista e verbocinante. E resultou daí que, desde o primeiro dia, o novo regimen ficou oscilante, entre a protervia invasora dos militares, na casca de vencedores, a vaidade do coimbrismo fraseológico e vão, e a estreiteza das fórmulas positivistas, inertes mas irritantes. Eram mentalismos inassimiláveis, por isso mesmo que incompatíveis com a vida a refazer-se. Fora impossível tirar deles uma organização política maleável, generosa e úbera, ou mesmo razoável, como inspirada da realidade.

Quanto aos militares, o mal não foi que deles viesse a garantia do triunfo. Já o lembramos: assim se deu em 1831 e em 1888; mas foi desastre que o destino lhes desse a iniciativa da República, e o pleno domínio sobre ela. Um chefe, em ditadura republicana, e sem nenhuma concepção de política democrática, sem nenhum sentimento republicano, sem ligações, sequer, com a propaganda, como sem experiência política. Pelo contrário. Deodoro, chefe da Nação republicanizada, senhor discricionário das novas formas a instituir, não tinha nenhuma das qualidades próprias a tal função. Mentalidade sem profundeza e sem horizontes, já emperrada no círculo de conceitos de um velho soldado indiferente às coisas de pensamento, ele nem podia julgar do que se continha naquele momento da Nação brasileira. São de caráter, esse ditador não possuía, sequer, a dura tessitura moral em que se trama a ação