deparamos, como fonte de tudo com as próprias formas de pensar e de sentir dos desfrutadores do governo. Então se lhes catamos a alma apenas encontramos vaidade de mandonismo, tendência ao uso despótico do poder, incapacidade para a prática da justiça, prepotência e intolerância, incompatíveis com a cooperação necessária na verdadeira política de um governo livre; incompreensão das responsabilidades, cegueira para a realidade, inabilidade no apurar dos fatos para a legítima inspiração política; nulidade de concepções sintéticas orientadas pelas necessidades coletivas; ausência de senso crítico substituído por estúpidos e maléficos preconceitos mascarados das leituras mal assimiladas; carência de preparo e de segura ideologia; grosseria de inspirações; sedução pelas riquezas e a grandeza material; tirania sobrenadando o servilismo, a insinceridade e o ânimo de transigências, a falsidade na corrupção até a degradação e a ignomínia...
O exame dos principais aspectos desta tradição, remanescente vivo do bragantismo, será demonstração necessária, objeto deste capítulo.
A DESCENDÊNCIA DE COIMBRA
Vivendo parasitariamente sobre a nação, já parasita da colônia, a classe dirigente do Portugal bragantino — tênia armada — perdeu toda capacidade de outro esforço e outra virtude para viver, além da firmeza dos colchetes e a aderência das ventosas. A realidade deixou de ter significação para tais governantes, que se tornaram insensíveis às condições do mundo e à contingência dos fatos, qual o ascaris asilado no intestino, ou a triquina enquistada no músculo. De tal sorte, a mentalidade