Com isto, o valor geral da história se deturpa, na medida do valor que o historiante atribui ao seu povo, com relação aos fastos da civilização.
Quem descobriu a democracia para o mundo moderno? Quem inventou a liberdade política? Ingleses, franceses e americanos não poderiam estar de acordo nas respostas. Todos eles concorreram na realização desse pedaço de progresso, mas, para cada um desses povos, vale especialmente o próprio esforço.
É natural, necessario mesmo, que cada um deles se reconheça como o autor da democracia, inventor da liberdade. Em face do prestígio desses povos, uma Suíça, a arcaica Florença, não poderiam pretender primazia.
Finalmente, a história fica a serviço de quatro ou cinco civilizações especiais, aquelas que apresentam, no momento, um maior ativo de contribuições na obra da civilização geral.
A diferença de poder e de valor efetivo entre as diversas nações vem a ser tão insensível como entre os próprios indivíduos. Na realidade das cousas, fora impossível achar o limite justo entre povos "grandes" e "pequenos", fortes e fracos. Contudo, os mais poderosos, abusando da superioridade relativa, desnaturam a situação, atribuem a si mesmo toda a força, e dividem as nações em "grandes" e "pequenas".
No domínio da história, elas ainda procedem mais desafrontadamente, que não há meio de pedir contas do abuso de prestígio. Nem mesmo, devemos estranhar que seja assim.
EFEITOS GERAIS DA DETURPAÇÃO HISTÓRICA
Franceses, ingleses e prussianos abarrotam-se hoje com as suas histórias universais, feitas para dar valor à barbárie dos séculos; e, levados por elas, nem podemos