de vida, a consciência de um povo é nacionalismo, valendo por uma profissão de fé, que, em cada ânimo, se desdobra: confiança íntima no destino da nação, e solidariedade absoluta com esse mesmo destino. O explorador transitório, que só deseja facilidades para a sua exploração, terá por ideal pátrias sem fisionomia, desnacionalizadas, onde se aceitem todas as fórmulas, e que, por isso mesmo, não terão outro destino senão o de serem eternamente exploradas; mas quem sinta a necessidade de afirmar-se, por si e pela tradição humana em que existe; quem não se contente de ser matéria informe, para o gozo exclusivo de exploradores, e queira concorrer para o desenvolvimento e o progresso de um grupo humano; aspira definir e apurar a sua tradição nacional, será nacionalista, pretenderá que a sua pátria não suplante ninguém, preferirá que ela se levante ao sol de uma humanidade bem humana, em plena justiça, mas há de querer que ela tenha um lugar próprio sob a luz desse mesmo sol.
Repassando sucessos de dezessete, Barbosa Lima teve de reconhecer a nossa deficiência em "defender os foros de autonomia próprios às fortes individualidades, que podem e devem viver por si com inconfundível e acentuada personalidade, de fisionomia estável e definida". Pois não é lamentável que cheguemos a isto, que hesitemos nesse direito a ter fisionomia, e que nos iludamos quanto à necessidade de nacional? Alberdi — argentino, transuda anglicismo por todas as juntas do pensamento, mas, quando chega o momento, é peremptório e reclama, até, "uma filosofia argentina, das necessidades sociais e morais do nosso país, clara, democrática, progressiva, popular...", tudo com vistas ao povo a que pertence. Um Réclus, já o notamos. E destorce a história, reforma o mérito dos fatos e dá aos navegadores franceses ou normandos um desenvolvimento de ação além do que é legítimo. Um Blasco Ibañez, também com a preocupação de desprezar