O Brasil

preconceitos de pátria. Quando julga o passado da sua Castela, mostra-a gloriosa, e próspera, e elevada em espírito, enquanto era conduzida pelas dinastias nacionais; passa a príncipes estrangeiros (a Casa d\'Áustria), e é como que ferida nas suas forças vivas, atirada à decadência, desnacionalizada: \"... Carlos V e o filho roubaram‑nos a nacionalidade\". Na pena de um quase libertário, a fórmula é preciosa. Iremos pelos mais desimpedidos revolucionários afora, até o comunismo integral, e encontraremos sempre, quando humanos, a defesa da nacionalidade, quer dizer a afirmação da pátria. Um Rappoport, teorista do comunismo, em pleno marxismo: \"La nacionalité est un fait qui crave les yeux... é um fato que salta aos olhos. Não basta soprar sobre ela para fazê-la desaparecer. Melhor ainda. Quanto mais procuram eliminá-la pela violência, mais se afirma a nacionalidade, mais procura impor-se. Defendendo as suas particularidades nacionais mais insignificantes contra a brutalidade dos povos conquistadores, as nações oprimidas defendem a sua liberdade, a sua dignidade\". O próprio Lenine, no momento crítico — às vesperas da revolução de Outubro, no mesmo brado em que procura arrancar as massas à guerra imperialista, exora-as a que defendam, intransigentemente, em guerra justa, a nova pátria, que se institui. Parte de uma tradição, cada um desses revolucionários generosos teve que se render à necessidade de ser representativo da mesma tradição e bem afirmar a sua nacionalidade. É impossível resistir ao influxo da humanidade imediata, e, franco, ou latente, todo verdadeiro apóstolo social fala com a voz de uma pátria, e é um nacionalista.

Pode o Homem ampliar a consciência até alcançar o conjunto da humanidade, e dilatar sobre ela a alma dos afetos, para sentir-se irmanado em dores e aspirações, mas, em si mesma, cada consciência refletirá, necessariamente, a tradição em que foi formada, e o