coração palpitará concretamente ao influxo de lembranças e imagens que são dessa tradição. Caracteres de abnegação irão até o sublime da ação moral, em sentida solidariedade, mas, ao reclamar para todos a inteira justiça, o apóstolo incluirá nessa justiça o direito de dar à sua consciência o tom que é próprio — o tom da sua tradição, sagrado direito à vida moral.
Qualquer que seja a condição histórica de um povo, a afirmação nacional tem de fazer-se pelo destaque bem explícito dos relevos da sua tradição, e isto inclui a necessidade de ajustar a esses relevos todas as contingências da atualidade. Finalmente trata-se daquela mesma necessidade — realizar o presente sob a inspiração da tradição, estimulado pelas suas energias latentes. Se a lembramos, agora, é que nos chegou o momento de, sem hipocrisias, reclamar, da história, o indispensável estímulo, em afirmação de nacionalismo. E como a nossa tradição é simplesmente uma derivação divergente da tradição portuguesa, não a podemos afirmar senão em contestação, e como divergência, dessa mesma tradição da metrópole.
Nisto se condensa uma das mais expressivas fatalidades históricas, para nós, como para qualquer dos povos coloniais. Coolidge, professor de diplomacia, numa obra de intuitos ostensivamente diplomáticos, não pretende, sequer, iludir-se quanto a essa necessidade e afirma: todo o nacionalismo dos norte-americanos se fez formalmente contra os ingleses... \"Foi o programa obrigatório na educação cívica das sucessivas gerações de Yankees\". Por outro lado, ninguém contesta que a grandeza formidável a que chegou aquela república foi devida a causas que vão além dessa concretização de nacionalismo. Para crescer, eles como que se sugestionavam com o lema The greatest country on earth e alcançaram a situação desejada. Mas, lá não chegariam se, antes de formular o programa de conquistas, não se sentissem distintos entre