O Brasil

e, desde cedo, ignominiosamente tratada, logo se manifestou um sentimento nacional muito vivo, e que levou os brasileiros a lutas ostensivas, mais de uma vez, em mais de um lugar. Foi o inelutável destino. Com o regimen feito para a colônia, Portugal, a degradar-se, tornou-se um motivo de irritação constante, e de irredutível antipatia para a nacionalidade que se formava. E esta, por fim, levanta-se explícitamente contra a antiga metrópole. Portugal transigiu, é verdade; isto, porém, só serviu para prolongar e agravar a oposição dos sentimentos e interesses brasileiros e portugueses. Quando começou a situação histórica em que as divergências entre as duas populações já fossem motivos de conflitos? Certamente na luta da Insurreição, para ser formal na indisposição contra mascates e emboabas... Acaso, antes, quando o grande mameluco Jerônimo de Albuquerque teve de opor a sua sobranceria às impertinências de Diogo de Campos, e quando afrontou as perfídias de Caldeira Castello Branco. E como a miséria se agrava, desde 1640, há oposição manifesta entre o Brasil, que quer existir e afirmar-se, e a metrópole degradada, vem viver de oprimir e espoliar o Brasil. Por isso, quando na colônia houve gente brasileira para ser um povo, o português apareceu-lhe como a premência do mal, contra o qual se fez preciso lutar, repelindo-o, eliminando-o, banindo-o. Na consciência da sua nacionalidade, o brasileiro teve que concentrar em Portugal a máxima aversão, em repulsas e repugnâncias irredutíveis. Perigos de opressão, lembranças de perfídias covardes atrocidades, tensão de esperanças mentidas, desesperos de dolorosas derrotas... e mais esperanças para mais decepções e mais desrespeitos, tudo se fundia em sentimento nacional, ostensivamente dirigido contra o inimigo já secular.