a embaraçar as novas formas de vida que se desenham. Nela revivem germes, que serão, como na biologia, tumores cancerosos, a crescerem com o sacrifício do organismo inteiro. A saúde de um povo é, de certo modo,a pureza das respectivas tradições, tanto que, mesmo sentindo-se forte, cada nação continua a zelar e a defender a sua história, linhagem de desenvolvimento que deve prosseguir, sem desnaturamento, sem outras modificações além daquelas que incluem a própria evolução progressiva da sociedade nacional.
Em nenhuma parte da América são mais formais essas condições do que no Brasil. Sendo o povo onde mais cedo se manifestou sentimento nacional, é aquele cuja tradição tem sido mais embaraçada pela influência da metrópole devido à insistente promiscuidade de gentes e de interesses.
Quando procuramos, nas palavras de Frei Vicente, qual o valor da nova pátria sobre os corações, já o encontramos distinto do ânimo português, que é, ali, diretamente visado: "...tudo vem de não tratarem do que há de ficar, senão do que hão de levar...". Insignificante reparo de passagem? Não: o baiano se repete, para mostrar-nos que é uma constância de sentimentos. Trezentas e cincoenta páginas adiante, quando lhe vem a estima por D. Francisco de Sousa, é porque este "...acaricia as vontades dos cidadãos e naturais da terra, e se fez cidadão e natural com eles", ao passo que os outros, "tratam mais do que hão de levar e guardar".
Feitas as gentes brasileiras nesse espírito, foi como se se cavasse uma definitiva separação, em tom de incompatibilidade. Mal a sentimos naqueles dias de D. Francisco das Manhas, mas desde que se aproximam - portugueses e pernambucanos, no Arraial de Bom Jesus, surgem rivalidades dolorosas de que já sofre a colônia. Congregam-se os insurgentes e a vontade do Brasil tem de impor-se, mais de uma vez, contra pretensões