O Brasil

suas mais legítimas tradições — independência num regimen livre, democrata, republicano.

A conspiração de Vila Rica, no entusiasmo fácil de poetas e a jactância simplória de Tiradentes, parece-nos de somenos importância. O trono, mesmo, tendo-o como inofensivo, o admitiu para precursor da independência. E, com isto, a conjura de 1789 se reduz, nas histórias comuns, à pusilanimidade dos outros prisioneiros ao lado Joaquim Xavier, com as carnes do esquartejado dadas aos urubus, segundo o gosto do bragantismo reinante. Há, no entanto, da aparente insignificância revolucionária, vários aspectos a destacar: o movimento é datado de 789, o ano da Bastilha, mas, de fato começa mais cedo; antes de 786, há em Coimbra um grupo de estudantes brasileiros que se chamam de republicanos; nesse ano de 786, o mineiro Vidal Barbosa e outros brasileiros, estudantes de medicina, "entabolam relações com os agentes do Governo Norte-Americano".

Tudo isto leva a acreditar que se a ideologia desses revolucionários deriva do enciclopedismo, o movimento projetado se liga imediatamente à independência dos Estados Unidos. Aliás, é essa a opinião explícita de Armitage: "Quando se declarou a independência da América do Norte, aspiração vaga se manifestou, a conseguir-se outro tanto no Brasil". E aí está o depoimento de Joaquim Maia, tocante aos seus entretenimentos com Jefferson, e que é a peça mais lúcida e razoavelmente livre, da parte dos que participaram do caso: "Os brasileiros consideravam a revolução norte-americana como expressão do que lhes é preciso fazer".

Trazido o plano de independência por esses que vinham da Europa, ele é logo aceito, justamente porque estava na linha dos sentimentos gerais, da capitania, e de todo o Brasil, bem sabiam os conjurados.

Felício dos Santos, que atentamente estudou esse ponto de história, é peremptório: "O modo rápido e imprevisto