O Brasil

Em 1801, são denunciados os irmãos Cavalcanti como pedreiros-livres, republicanos, por conseguinte. Monsenhor Tavares fala das primeiras lojas como fundadas em 808, mas Souza Falcão insiste em que foram os Cavalcantis os introdutores da maçonaria em Pernambuco, na data já apontada — 801. E tudo leva a crer que essa é a verdade. Está verificado que os Cavalcantis estiveram em dificuldades, nessa época, e foram obrigados a expatriarem-se. Se desde 1799 havia lojas na Bahia, é muito certo que não tardaria a sua entrada em Pernambuco, cuja maçonaria, posteriormente, esteve sempre em relação com as lojas a que, em 1817, fora recomendado o padre Roma. De todo o modo, logo no começo do século, recolhe-se à sua Goiana o grande Câmara Arruda, rico de ciência verdadeira e de são brasileirismo, em cuja inspiração organiza as lojas maçônicas de proselitismo político-revolucionário, e de onde sairá a revolução heroica, virtuosa e republicana de 6 de março. O absolutismo que dominava o Brasil não permitirá que essas lojas apareçam quais são, e elas se disfarçarão em academias, nominalmente de letras, e, na realidade clubes jacobinos. Barbosa Lima no-las mostra multiplicadas e ativíssimas, no ardor de Domingos Martins, Cavalcanti, Cabugá... sob o doutrinamento de Câmara Arruda, que, republicano, para ser humano e justo, formula, bem claro, o seu programa: "A escravidão, a inferioridade legal das gentes de cor, é o mal essencial do Brasil: devemos remi-lo com a monarquia ou sem ela...".

O bragantismo mantinha esta pátria absolutamente fechada ao pensamento livre, sobretudo quanto a assuntos políticos, mas em torno do Areópago de Goiana se disseminaram as páginas francamente revolucionárias, em que os discípulos e companheiros de Arruda completam a sua formação política. O livro de Reynal sobre a Revolução Americana era da leitura de todos