Cartas do Solitário

dos nascimentos, mesmo não grassando a febre amarela ou o cólera, que tantos estragos causaram nelas principalmente. Calcula-se no sul dos Estados Unidos, segundo o sr. Molinari, que o termo médio da duração de um escravo empregado em serviço frequente é cinco anos. A importância destas duas causas combinadas, isto é, a pequena reprodução dos negros de um lado e, de outro, o excesso dos falecimentos, pode autorisar-nos a reduzir a proporção acima estabelecida, de metade do trabalho escravo para o livre, a muito menos e por ventura a uma terça parte. Creio, pois, que não me afasto da verdade dizendo que um terço de emigrantes europeus é igual, quanto à produção, a um número dado de africanos.

Isto posto, procuremos o meio termo do número de negros importados anualmente ao tempo em que o tráfico foi maior. Tomo o período de 1840 a 1847, durante o qual, segundo os dados estatísticos da Anti-Slavery Society, confirmados pelo nosso ministro de Estrangeiros de 1850, se importaram no Brasil 221.800 africanos, variando entre o mínimo de 14.200 (em 1842) e o máximo de 57.800 (em 1847). O meio termo é 27.725 em cada ano. Sendo este o número médio de escravos fornecidos à agricultura, e correspondendo ele a uma terça parte de trabalhadores livres, isto é, a 9.241, devemos concluir que, se anualmente a emigração europeia para o Brasil pudesse subir a esse algarismo, teria satisfeito de um modo completo as necessidades que o tráfico era destinado a preencher.

Não sabemos qual foi o número de emigrantes europeus durante o supradito período de 1840 a 1847. Não podia deixar de ser diminutíssimo, atenta a concorrência do tráfico. É certo, porém, que, depois que este começou a declinar, e sobretudo da data do seu desapareimento

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