Confessei acima que os africanos vinham engrossar as fileiras de nossos trabalhadores e aumentar, portanto, a produção. Mostrei, porém, que eram precisos três negros para se conseguir a mesma quantidade de trabalho produzido por um só europeu. Donde conclui que era, e continua a ser, muito mais proveitosa a aquisição dos últimos. Resta-me agora indicar que, além da desproporção quanto à quantidade, o europeu é incomparavelmente superior ao africano quanto à qualidade dos produtos e à variedade das indústrias e culturas que pode exercer. É um fato que dispensa demonstração. A que deve o nosso café ser considerado o pior do mercado na Europa, aonde o seu preço ínfimo é só o que pode animar os compradores? Há, porém, dentro do próprio país outro exemplo mais frisante do que desejo assinalar. Faça-se um paralelo entre o desenvolvimento da província da Bahia, que possuiu relativamente o maior número de negros, e o do Rio Grande do Sul, que contém os maiores núcleos de colonos europeus.
Enquanto a agricultura, o comércio e as rendas da primeira definham a olhos vistos, a outra prospera em tudo. No Rio Grande a lavoura apereiçoa-se; as indústrias aparecem; o povo contrai os hábitos de trabalho; derrama-se a abundância e tudo vai por diante. Nas colônias do Rio Grande a cultura não se restringe a um produto somente; aproveita-se o terreno de todos os modos. Cada dia se vê ali introduzir um melhoramento; há pouco começou com muito sucesso a cultura da vinha e o fabrico do seu precioso licor. Ainda mais: o colono é lavrador e fabricante ao mesmo tempo. Emfim, o Rio Grande do Sul é a província que conta uma navegação interna a vapor mais