Cartas do Solitário

outras possessões, os quais, então justamente, o Parlamento inglês expunha à concorrência nossa, de Cuba, de Porto Rico, e de todas as colônias da Espanha, Holanda e França. Um exame desinteressado do assunto convenceria do que dizemos. Bastava considerar que era a Inglaterra quem fazia o mais extenso comércio com o Brasil. para que pudéssemos consumir os produtos variados das suas ricas manufaturas, sabiam os fabricantes ingleses que era preciso que a nossa agricultura prosperasse, que o Brasil fosse feliz. Seria um absurdo acreditar que, empobrecendo-nos, tirariam maior vantagem do comércio conosco.

O que dirigia o Parlamento e o gabinete inglês era certamente um motivo poderoso; era o mesmo que levantara no seio do país uma propaganda tão enérgica que pôde em pouco tempo abolir, com sacrifício enorme, a escravidão nas colônias; era o espírito religioso, a caridade cristã. Com a dupla autoridade de sua palavra de homem de letras e de prelado, o respeitável bispo de Oxford, na sessão dos comuns em 12 de junho de 1849, deduziu os mesmos raciocínios contra iguais acusações. Dizia ele: "Lançou-se-nos em rosto que fazíamos tudo isto por interesses comerciais. Dizia-se que, tendo abolido o tráfico de escravos em nossas colônias, intentávamos reduzir os outros povos à mesma igualdade, para evitarmos que nos fossem superiores... É falso que tenhamos empreendido esta grande obra com vistas de algum resultado comercial. O que é verdade, porém, é que depois apareceram resultados comerciais.

Porém por que? Por ser uma verdade eterna que há um princípio de justiça que governa o mundo, e que todo aquele homem ou nação que o seguir, há de mais tarde ou mais cedo colher os seus frutos".

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