por vício orgânico desprezar as oposições que não podem combater. É necessário, é indispensável, é urgente entregar o governo do país a indivíduos que tenham visto o mundo, que saibam abrir e alongar os olhos por toda a extensão do El Dorado que habitamos.
Não é um japonês que há de civilizar o Império do Japão. No governo do Brasil deviam assentar-se indivíduos com uma imaginação cosmopolita de Goethe, e uma cabeça universal de Humboldt.
Se os reis absolutos, como Pedro Grande das Rússias, precisavam de percorrer as terras, estudar com o estrangeiro, e, por ventura, aprender com a adversidade e o exílio, o que não deveriam ter visto e observado os ministros, verdadeiros reis nos países de governo representativo? Ora, meu amigo, é interessante ver a mediocridade usufruir por fideicomisso o governo do Brasil. Eu abomino as personalidades, mas não posso deixar esquecido um exemplo tão a propósito. O sr. Manoel Felizardo, para quem se criou uma pasta particular, o homem que de diretor das terras, em que não lhe ficava bem continuar a servir, foi docemente promovido a ministro das mesmas, o funcionário, enfim, da especialidade desde 1853, abre o seu ministério há quase 11 meses, trabalha todos os dias e ainda não fez nada. Em compensação, porém, o nobre ministro discutiu, na Câmara dos Deputados, profusamente uma questão do mais elevado alcance, a guerra aos insetos, animais e formigas destruidoras das plantações, e acaba, diz a gazeta, por combinar um plano gigantesco, a saber: o de uma rede de estradas que, custeando o mar (verdadeiro caminho que dispensa todos), comunique a capital do Império com as capitais de todas as províncias ao norte e ao sul. Que ideias profundas de comércio, de vias de transporte, de nossos recursos, que ideias