E os séculos não passaram debalde pela fronte de nossos avós.
A miséria moral, como a pobreza material, não a compramos com a independência: herdamo-las. Colônia alguma recebeu de um povo europeu mais rico legado. Seja embora! As heranças veneram-se. Nós veneramos os nossos prejuízos. Nossa miséria histórica é a nossa riqueza.
O passado instalou-se no presente, acompanha-o, excede-o, esconde-o, cobre-o, ele, uma sombra!
O passado é a ideia inata dos governos e o critério da população. Aquele não ousa feri-lo de frente. Esta afere tudo pela medida das máximas consagradas.
Assim, pedi que o governo seja só governo, que distribua a justiça, mantenha a ordem, puna o crime, arrecade o imposto, represente o país, mas que não transponha a meta natural, mas que não se substitua à sociedade. É impossível, respondem. O governo, como no tempo do rei, deve presidir o povo, dirigir o povo, educar o povo, ensinar tudo ao povo, seu pupilo, isto é, percorrer a escala de todas as opressões sociais. E, com efeito, o governo paternal coloniza o país, lavra a terra, exerce o comércio, ampara a moral, sustenta a religião, regula tudo, submete tudo.
Assim, dizei ao povo que a lei só deve reprimir e não prevenir, ou que a liberdade ampla de comércio é a mais poderosa alavanca do mundo social. Ao contrário, respondem. A prudência exige que certas profissões