Não estou fantasiando monstros para ter o gosto de terrorizar os outros. Recordai-vos certamente de que se têm produzido na imprensa e na tribuna considerações idênticas, e sabeis que, sobre a reforma administrativa, o ilustre deputado sr. Saraiva formulou um projeto, que o ministro do Império em 1860 fundiu no que ofereceu às Câmaras.
O mal, pois, existe realmente, e eu não o exagero quando procuro mostrar que as leis econômicas mais rudimentais são completamente transgredidas. Em vez de brevidade, desperdício de tempo, demora e embaraços no jogo do expediente; em vez do pessoal indispensável, um grande pessoal e muitas estações. O que produz maior despesa para o Estado e prejuízo duplo para os particulares.
Mas a causa geradora ninguém a ignora. Reside inteira na infração de outra lei de todo o serviço, a iniciativa e responsabilidade própria de cada trabalhador. Esse erro antigo, que deu nascimento à centralização que lamentamos, é o que um escritor conservador assinalava, ainda a pouco, nestas palavras:
Il faut que l'État se dégage enfin des formes de centralisation mécanique et bureaucratique, si oppressives pour la liberté, et qu'il devienne un veritable organisme, dans lequel tous les organes aient une sphère d'action propre, jouissent d'une autonomie relative, concourent à entretênir la vie générale, même l'action centrale par la spontanéité de leurs mouvements.
Chegado a este ponto, consenti, senhor, que, abusando embora da vossa paciência, procure arcar do fundo do meu ermo com o demônio da centralização.
Será este o objeto principal de outra carta.
SOLITÁRIO.
Setembro, 25.