Sinto, meu amigo, que abusei de vossa paciência. Perdoai-me. Esta é a minha derradeira carta. O desempenho de outros deveres impõe-me a necessidade de volver ao meu ermo e de terminar a presente correspondência.
Mas, fazendo-o, cabe-me agradecer-vos a franqueza completa, as atenções e autoridade que vos dignastes prestar aos meus modestos escritos.
Esses obséquios desvanecem-me tanto quanto espero que sejam um incentivo para que outros continuem a tarefa que eu me propunha completar, se não devesse acudir brevemente a encargos indeclináveis.
Ainda uma palavra mais. Não vos admire que possa o ermo despertar o gosto de estudos positivos. Estes parecem-me o consolo único que seja dado aos espíritos entusiastas e sinceramente amigos do país. E, depois, já não temos discutido bastante a política diária, as reviravoltas e as comédias dos ministérios e dos parlamentos? Faz-se mister hoje satisfazer às exigências do espírito público justamente aborrido das cenas estéreis da política pessoal.
Nem outro era o meu fim. Escrevi, é verdade, com certa energia e algum arrebatamento, às vezes. Se o fiz, porém, não foi para desacreditar sistematicamente as instituições do meu país. Foi para aguilhoar a inércia, exigir a mudança de hábitos inveterados e abrir caminhos novos, através da espessura dos prejuízos, às aspirações insaciáveis dos homens novos do país.
O que queremos nós, com efeito?
Queremos, meu amigo, dar às nossas gloriosas instituições, à nossa majestosa e nunca assaz abençoada constituição do Império, uma base prática na franqueza das indústrias, na liberdade individual, no espírito de empresa particular, no alargamento do comércio, na liberdade do trabalho, na prosperidade das províncias,