morreu sem ter compreendido a extensão de seu descobrimento, e sem imaginar que as regiões em que ele pisava constituíam apenas o limiar de todo um mundo. A propósito, Sophus Ruge, O eminente e autorizado biógrafo de Colombo, observa, espirituosamente, que, se houvesse ele ouvido alguém chamá-lo de descobridor da América, — teria, na sua lealdade, protestado com toda a energia.
O mesmo se observa quanto a Cabral. Desde alguns anos, vem-se manifestando em Portugal um grande movimento tendente a demonstrar que sua viagem foi empreendida com intenção de descobrir terras novas. Não nos cabe aqui aprofundar esse controvertido problema. Tenhamos, por certo, ao menos, que Cabral se dirigia para a Índia para aí fundar a feitoria de Calecute. Era o objeto oficial da expedição. Pela ação dos ventos, por mero acaso, ou por uma resolução bem assentada, o certo é que sua esquadra seguiu na direção sudoeste, de modo que tocou na costa do Brasil, acreditando ter encontrado uma ilha, a que chamou Vera Cruz. Por aqueles tempos pensava-se, de um modo geral, que todas as terras escondidas ainda pela bruma do mar ou perdidas no mistério dos oceanos não podiam ser senão ilhas. E o feliz capitão, tendo aportado ao Brasil, onde se demorou uma semana, enviou ao Rei de Portugal um mensageiro para dar-lhe parte da descoberta famosa, depois do que prosseguiu na viagem para execução das ordens que trouxera.
2. E ocorreu que as nações europeias, quando descobriram e vieram ocupar as novas terras, as acharam habitadas por numerosas populações indígenas.
Assim é que essas descobertas, ao mesmo tempo em que abriam ao comércio humano um enorme território com possibilidades incomensuráveis, surpreendiam, na ignorância de uma vida retirada, grandes nações retardatárias