Através da Bahia – excertos da obra Reise in Brasilien

Têm a pele preta; são altos, musculosos, fortes e muito ousados, tendo já causado, por diversas vezes, perigosos motins, matado seus senhores, incendiado engenhos, tornando assim necessárias enérgicas medidas, por parte do governo.

Tendo-se tornado, ultimamente, mais caros e raros os escravos dos rios Congo e Zaire, pela concorrência de negociantes espanhóis, portugueses e norte-americanos, vêm mais, dos ancoradouros: de Cabinda, de São Felipe de Benguela e, principalmente, de Moçambique.

Pela promiscuidade de diversas tribos, que se não entendem, evita-se, de algum modo, uma revolta de tão numerosos negros. Há muitas tribos, domiciliadas a grandes distâncias, que se entendem, pelo menos, em certas expressões, pois, é fato notável terem muitas línguas africanas grande semelhança entre si. Por isso estão em saliente contraste com as línguas dos aborígenes da América, tão isolados, e, muitas vezes, limitados a poucas famílias.

Além disso, as diferentes tribos de negros se reconhecem pela linguagem, pela cor, pelo tamanho, formação do rosto e, principalmente, pelas mutilações a que foram submetidos, segundo o costume das tribos.

Muito frequentemente se encontram negros, cujos dentes caninos são espontados, ou cujos dentes incisivos são limados, em profundos entalhos: outros apresentam diversas cicatrizes bastante profundas de incisões, por instrumentos cortantes, queimaduras, ou por cauterizações na região temporal, na frente ou nas faces.

Tais sinais, característicos de nacionalidade, encontram-se muito acentuados nos Macuas, tribo que vem de Moçambique e, como para todos os negros daquela