o reverdecimento repentino da flora, seca, queimada e morta nos seus aspectos, são quadros e mutações de \"encantamento\", que estimulam a curiosidade à pesquisa do sábio.
\"Os horrores da seca\" lhe não impedem a travessia; marcha impávido como um bataIhador da ciência, ávido do conhecimento dessa natureza fantástica, vária e tumultuada nos seus contrastes.
Em Ilhéus, por entre esbeltas hastes de helicônias que pompeiam suas bainhas purpúreas cor de brasa; espessos ramos de mimosáceas de folhas penadas, osculando a panícula unilateral do ubá, lianas que se enroscam por entre os alvos troncos das umbaúbas, em expessos tapetes ou pendem em grinaldas formando pontes pênseis nas enseadas dos rios; o vemos, arrastando a canoa que o transporta \"por sobre rochedos ponteagudos de granito\".
Depois, regressando a pé, ao longo da costa, até esta capital, de onde a sua vista \"se espraia por sobre grupos de verdes ilhas da formosa enseada ou repousa, com saudade, sobre a superfície azulada e imensa do oceano, que o sol poente recama de cintilantes irisações\".
A descrição feita daquela zona se enfeixa num quadro grandioso e colorido, de beleza e verdade científica do cenário, desde o primeiro plano, entre a madrépora e os bancos de coral do recorte da costa.
O poder de observação do sábio galga intensidades máximas. Ele é, além de naturalista, antropólogo, historiador, filólogo e tem envergadura de estadista. É através desse golpe múltiplo de vista que estereotipa a Bahia colonial. Pode-se assim imaginar a importância do trabalho notável que é a viagem de Martius entre nós.
As nossas antigas fazendas e povoações, das cidades e vilas de hoje, surgem nesta obra numa frescura primitiva adorável e encantadora daqueles tempos.
A pesca, a lavoura, as indústrias e o comércio; navegação, estradas gerais, governo, religiões, raças, população,