milícia e fortificações diversas, instrução, arquitetura, letras e artes; ideais e aspirações, política e partidos, o nosso folclore, tudo se esbate no conjunto das projeções do cientista.
Sente-se, na descrição de Martius, a sensação longínqua da elaboração vertiginosa de uma grande civilização que se desdobra diante dos nossos olhos. Ao mesmo tempo, nessa distância de quase um século, o sentimento de um estágio, de um descanso, de uma parada dessa vertigem de marcha que a mudança da capital da metrópole colonial teria fatalmente de operar no impulso do grande desenvolvimento inicial da terra do Salvador, pela dispersão consequente do braço, da inteligência e do capital, forças e energias da sua grandeza.
É uma página extraordinária da nossa história esse livro inteiramente novo para nós, que surge como um inédito, como que escrito para ser lido um século depois, retirado à poeira das bibliotecas, como um filão precioso dentro de uma montanha.
Martius esteve na Bahia cinco anos depois de inaugurado o nosso Teatro São João, então o único das duas Américas. Já inaugurada, desde 1811, encontrou uma biblioteca com 12 mil volumes. A nossa catedral era o mais nobre edifício de arquitetura do Brasil, onde o grande sábio vê ricas decorações e quadros de valor, dos mestres espanhóis. Admira-se da nossa Bolsa de Comércio, com asseio europeu e sala artisticamente preparada. Menciona as docas reais, providas de todo o necessário para equipar e armar, em pouco tempo, diversos navios de guerra, depois a fabricação da pólvora para a armada nacional.
Martius se deixou então fascinar do nosso progresso e interessa-se, com profunda simpatia, pelo nosso futuro.
É assombrosa a minúcia com que detalha todas as nossas culturas, desde os cereais até o algodão, o cacau, a