Através da Bahia – excertos da obra Reise in Brasilien

cana de açúcar, o café, o fumo, frutas e outra; particularizando terrenos, modos de trabalho, rendimento, produção, preço e exportação. Faz mais do que tudo isso: organiza estatística. Arrola 511 engenhos com uma produção comercial de 30 mil caixas de açúucar e uma exportação, em 1807, de 1.200.000 arrobas, cerca de 27 mil caixas e, em 1818, de 29.575.

A exportação do algodão se elevava a 40 mil balas, o fumo a 20 mil quintais, o arroz de Ilhéus a 12 mil. A exportação de couros curtidos e salgados variava entre 14 a 20 mil peles; a cachaça de dez a 11 mil pipas, a do café, limitada a poucos distritos, subia a 12 mil arrobas.

Calculando o valor total da exportação em 1.200.000 florins; comparando esta soma com o valor da safra, mostra então Martius que ela prova a riqueza da Bahia, e acrescenta que poucas praças existem com tão ricas e grandes casas comerciais. Em seguida, assinala o fato de muitas destas guardarem, segundo os costumes, um tesouro de 400 a 500 mil cruzados em espécie, "retirados à circulação" e pondera que "a Bahia era sem dúvida a praça comercial mais ativa de todo o Brasil".

A meio dessa situação geral de prosperidade, de uma afirmação econômica indisputável, é que Martius como homem de ciência e como sociólogo, nos julga, tomando para base de apreciação o critério seguro da lei do progresso, deixando no "precioso escrínio da sua obra, dados e observações de valia inestimável que reúne ao estudo das formações ainda estuantes do esboço definitivo da vida nacional.

Ele vê a nossa sociedade de então através dos mesmos processos do geólogo e do botânico.

Vai a todas as camadas sociais, desde o escravo até o senhor. Faz a anatomia do organismo colonial e lhe estuda as funções, como fisiologista e como psicólogo.