pelos portugueses, no governo de Duarte Coelho Pedreiro [Pereira] cerca de 1530 ou 1540. Como o nome dá a entender, é uma linda localidade, onde os morros moderados, mas abruptos, um belo rio, e uma espessa floresta, combinam-se para o encanto dos olhos. Mas a chegada por mar deve ter sido sempre difícil, se não perigosa. Segunda, a cidade do Recife de Pernambuco, feita pelos holandeses, no governo de Maurício de Nassau, e chamada por eles cidade Maurícia. É uma localidade singular, adequada para o comércio. Fica em diversos bancos de areia, separados por angras de água salgada e pela foz de dois rios de água doce, ligados por três pontes e divididos em igual número de bairros: Recife, acertadamente chamado, onde estão as fortificações, o arsenal e o comércio; Santo Antônio, onde estão o palácio do governo, as duas igrejas principais, uma para os brancos e outra para os pretos; e Boa Vista, onde moram os comerciantes mais ricos, ou os habitantes mais desocupados, entre os seus jardins, e onde os conventos, as igrejas e o palácio do bispo dão um ar de importância às habitações muito elegantes em torno deles.
Tudo isso sabia eu antes de desembarcar e pensava estar bem preparada para ver Pernambuco. Mas não há preparação que evite o encantamento de que se é tomado ao entrar neste porto extraordinário. Do navio, ancorado a três milhas da cidade, vemos os navios ancorados além do recife contra o qual o mar se quebra continuamente; mas até penetrar dentro deste recife, não tinha menor ideia da natureza do fundeadouro. A corrente que tocava para a praia parecia tremenda se não estivéssemos prevenidos e não tivéssemos feito demoradamente nosso percurso de três milhas. Aproximamo-nos da praia arenosa entre Olinda e Recife tão de perto que pensei que íamos desembarcar ali. Foi quando ao chegar em frente a uma torre numa rocha, onde o mar se quebrava com violência, fizemos uma curta volta e encontramo-nos dentro de um quebra-mar natural. Ouvíamos o troar das ondas lá fora, víamos a espuma, enquanto navegávamos calma e maciamente, como num açude.