Mutirão: forma de ajuda mútua no meio rural

a chegar à casa do macaco e da guariba, promotores da reunião, é a preguiça, "pru sê um bichu ligêro", recebendo de entrada a recomendação, feita possivelmente pela dona da casa, de voltar a fim de reunir as companheiras. Chega, em seguida, a sapinha, "num luxu danadu". Vendo-a, o sapo cururu "quasi que morreu inchado".

A casa enche-se de bichos, desde a varanda até a cozinha. A "moça" mais bonita era a sapinha. E não só bonita, mas namoradeira. "Namoranu o cururu ainda deu treis quartas de linha", indicação que confirma o hábito de reunirem-se as mulheres em casa para trabalhos em comum, simultâneos por vezes aos realizados pelos homens na roça. Concluído o serviço, à tardinha, reúnem-se novamente na casa dos beneficiados, iniciando-se a festa. Surge, a certa altura, uma discussão entre o sapo e o jacaré, por ter este último convidado a sapinha para dançar. E a festa, que mal começara, termina em briga.

Aludindo, no mesmo capítulo, às peculiaridades do mutirão goiano, Josh A. Teixeira escreve que, para a reunião de trabalho, o dono do serviço prepara leitoa assada, frango frito e feijão com farinha. A pinga é também providenciada. Quando, porém, o lavrador é pobre, cada um dos colaboradores leva a sua matula, como aliás se verifica no mutirão dos bichos. À noite, realiza-se o pagode, servindo-se aos presentes broas, biscoitos de goma, bolo de fubá de milho, café e aguardente. Segue-se o catira(44) Nota do Autor, intervalado de dancinhas.

É principalmente no Estado de Goiás que ainda se pode observar uma das mais interessantes formas de cooperação vicinal (forma espontânea) a que já se fez referência: a traição ou, no linguajar matuto, tréição.

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