Mutirão: forma de ajuda mútua no meio rural

embaralhados sobre os plainos vibrantes num prolongado rumor de terremoto. Aos lados, na caatinga, os menos felizes se agitam às voltas com os marruás recalcitrantes. O touro largado ou o garrote vadio em geral refoge à revista. Afunda na caatinga. Segue-o o vaqueiro. Cose-se-lhe no rastro. Vai com ele às últimas bibocas. Não o larga, até que surja o ensejo para um ato decisivo: alcançar repentinamente o fugitivo, de arranco; cair logo para o lado da sela, suspenso num estribo e uma das mãos presa às crinas do cavalo; agarrar com a outra o cauda do boi em disparada e com um repelão fortíssimo, de banda, derribá-lo pesadamente em terra... Põe-lhe depois a peia ou a máscara de couro, levando-o jugulado ou vendado para o rodeador.

"Ali o recebem ruidosamente os companheiros. Conta-lhes a façanha. Contam-lhes outras idênticas; e trocam-se as impressões heroicas numa adjetivação ad-hoc, que vai num crescendo do destalado ríspido ao temero pronunciado num tremolo enrouquecido e longo."

"Depois, ao findar do dia, a última tarefa: contam as cabeças reunidas. Apartam-nas. Separam-se, seguindo cada um para sua fazenda tangendo por diante as reses respectivas. E pelos ermos ecoam melancolicamente as notas do aboiado"(1) Nota do Autor.

A vaquejada foi também descrita por Geraldo Rocha, que lhe acentuou o aspecto festivo, acrescentando, a respeito do costume, algumas informações curiosas(2) Nota do Autor. Pelo que se depreende dessa descrição de caráter evocativo, o cenário em que se desenrola a pugna solidária dos vaqueiros corresponde ao trecho médio-inferior da bacia são-franciscana, devendo observar-se que o escritor se refere, não propriamente àquela prática em geral, mas

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