No dia marcado para a partilha, verificava-se outra função importante na vida sertaneja - a ferra -, atividade em que colaboravam todos os presentes.
A pega, também, é outra operação em que se apela para o auxílio dos vizinhos.
"Se um vaqueiro tinha de "pegar" uma ou mais reses de sua fazenda no território de outro, dirigia-se primeiramente ao respectivo proprietário ou vaqueiro e pedia campo, o que significa consentimento e auxílio e ninguém podia recusar-se a dar campo"(7) Nota do Autor.
Em relação com essas práticas e costumes, assinala-se, ainda, no Nordeste, uma curiosa instituição que bem reflete o espírito cooperativista de sua gente: o pau-de-ferros. "Numa árvore, à margem de alguma "estrada das boiadas", gravavam-se os ferros e letras do proprietário das cercanias para a indispensável conferência e identificação. Esses ferros eram também gravados nos mourões das porteiras, esteios de alpendres e portas de casas"(8) Nota do Autor.
Na ilha de Marajó, onde um regime pastoril de feição típica condiciona a existência dos seus habitantes, mantêm-se mais ou menos íntegras até hoje certas formas de atividade solidária, como, por exemplo, o rodeio ou putirum dos vaqueiros para as ferras que anualmente se sucedem na época do estio. Descrevendo essa usança dos campeiros marajoaras, escreve Leandro Tocantins no livro O Rio Comanda a Vida:
"De quando em quando... a fazenda é despertada aos primeiros cantos da maria-já-é-dia por inusitada azáfama, tanto na casa principal como nas habitações da vaqueirada. As mulheres acendem o lume nos fogões de barro, preparam o café, ingerido com rosca ou bolacha