de água e sal, e esquentam ao fogo dos tições fumarentos os fritos de carne de sol com farinha, para encher o surrão." (...)
"A vaqueirama cavalga nas selas marajoaras de cabeçote alto, levando o surrão e a baeta vermelha amarrados na garupa e também a corda de couro para o laço enrolada em voltas sucessivas na ilharga do animal. E assim se inicia o serviço da ferra anual, dos mais interessantes em Marajó. Putirum animado e pitoresco, reúne outros vaqueiros das fazendas adjacentes, que solicitamente se prestam à faina afervorada pelos lances quixotescos dos laços em volteios rodopiantes, no galope prazeroso.
"Aprazam lugar, em geral largo plaino de teso, ausentes as torreadas perigosas para cavalgar, e lá se reúne o gado e a vaqueirama... a cumprir as tarefas designadas pelo feitor: reunindo e apartando a malhada, laçando e peando os bezerros para ferretear no couro a marca do senhor da fazenda."
"O rodeio dura o dia inteiro, musicado pela cantiga de aboiar e animado pelas gritarias e chistes dos vaqueiros."
Informa o autor citado que tanto as ferras como as castrações, que também congregam a vizinhança, merecem especial atenção dos fazendeiros, os quais, pelo índice obtido em cada operação, calculam o aumento do rebanho e as conjunturas econômicas da indústria pastoril.
Há notícias de que no Pantanal mato-grossense, os peões, em determinada época, se congregavam com o objetivo de prear gado bravio, reproduzido ao sabor da natureza. Todo animal laçado passava a pertencer ao que o conseguira. Uma vez derrubada e imobilizada a rês, era-lhe oposta a marca respectiva. Entretanto, ao que parece, a prática, embora exigisse a participação de muitos, não revestia aqueles aspectos de estreita solidariedade