tratarmos do folclore. O mutirão ou putirão, embora seja termo de origem tupi, é uma forma de trabalho coletivo de origem africana"(5)Nota do Autor.

E, a seguir, refere, em traços resumidos, o mutirão que teve oportunidade de observar:

"No Estado do Rio... o mutirão é um grupo de trabalho em que muitas pessoas, negros e brancos, homens e mulheres, dão ou vendem(6) Nota do Autor um dia de trabalho ao fazendeiro ou outro colono, terminando a sua tarefa num festival que avança pela noite adentro. Coisa semelhante às Sociedades Congos e aos Combites haitianos, espécie de comunidades de trabalho, permanentes ou transitórias, com os seus chefes, seus componentes, seus cânticos, sociedades de vizinhança e de trabalho, numa verdadeira organização sindical."

Hélio Galvão, referindo-se a essas teses num trabalho intitulado "Mutirão e Adjunto"(7) Nota do Autor, que pode ser incluído entre as mais interessantes contribuições ao estudo das formas de apoio mútuo no Brasil, deu um grande passo para esclarecimento do assunto.

"Precisamos desabituar-nos" - escreve - "do critério simplista de dar aos costumes uma só origem, como ao gênero humano. É a mania de monogênese, em matéria de etnografia e de folclore. Tal costume, tal hábito, tal história, só nos pode ter vindo de um dos elementos que integram a nossa formação etnográfica. Não se admite a pluralidade ou melhor a simultaneidade de origens. É pecado contra o Gênese." (...)

"A nós nos parece que o auxílio mútuo não tem uma origem local. É antes uma consequência do instinto